Nos primeiros anos de vida, cada gesto, cada movimento e cada descoberta fazem parte de uma jornada rica e significativa: o desenvolvimento infantil. Entre os aspectos mais importantes dessa fase está a coordenação motora, que permite à criança interagir com o mundo, adquirir autonomia e aprender de forma ativa.
Mas e quando essa evolução não acontece como esperado? Quando a criança tem dificuldades para realizar movimentos simples, evita certas atividades ou parece estar “atrasada” em comparação aos colegas? Saber identificar os sinais de atraso na coordenação motora é essencial para garantir uma intervenção adequada no tempo certo — especialmente no caso de crianças com transtorno do espectro autista (TEA) ou outras condições do neurodesenvolvimento.
Neste artigo, você vai entender o que é coordenação motora, quais são os sinais de alerta e quando é hora de buscar ajuda profissional. Tudo com uma linguagem clara, acolhedora e baseada em boas práticas.Clique aqui

O Que É Coordenação Motora?
A coordenação motora é a habilidade de movimentar o corpo de forma controlada, organizada e funcional. Ela envolve o funcionamento conjunto do sistema nervoso, dos músculos e das articulações.
Divide-se em dois grandes grupos:
- Coordenação motora grossa: relacionada a movimentos amplos do corpo, como correr, pular, sentar, subir escadas, manter o equilíbrio e dançar.
- Coordenação motora fina: refere-se a movimentos mais delicados e precisos, como desenhar, recortar, abotoar roupas, segurar lápis e encaixar peças.
Essas habilidades se desenvolvem de forma gradual e natural à medida que a criança cresce, brinca e interage com o ambiente. No entanto, alguns fatores podem dificultar ou atrasar esse processo.
Sinais de Atraso na Coordenação Motora: O Que Observar?
Cada criança tem seu ritmo, e pequenas variações são totalmente normais. No entanto, existem alguns sinais de alerta que merecem atenção, especialmente quando persistem por muito tempo ou interferem nas atividades do dia a dia.
🟡 Sinais de atraso na coordenação motora grossa:
- Dificuldade para sentar, engatinhar ou andar na idade esperada;
- Tropica e cai com frequência, mesmo em terrenos planos;
- Evita correr, subir escadas ou pular;
- Apresenta postura “molinha” (hipotonia) ou muito rígida;
- Tem dificuldade para manter o equilíbrio em um pé só;
- Cansa-se com facilidade em brincadeiras que envolvem movimento.
🟡 Sinais de atraso na coordenação motora fina:
- Não segura lápis ou talheres com firmeza;
- Evita desenhar, pintar ou recortar;
- Tem dificuldade para abotoar roupas ou fechar zíperes;
- Escreve com traços muito fracos ou muito fortes;
- Apresenta movimentos lentos e desajeitados com as mãos;
- Fica frustrada ou irritada ao realizar tarefas manuais.
Esses sinais podem aparecer isoladamente ou em conjunto, e em alguns casos são mais sutis. Por isso, é importante observar o comportamento da criança ao longo do tempo, em diferentes contextos (casa, escola, parque etc.).
Coordenação Motora e Autismo: Uma Relação Comum
Crianças com autismo frequentemente apresentam algum grau de alteração na coordenação motora — o que pode impactar desde as tarefas mais simples até a socialização. Esses atrasos não fazem parte dos critérios formais para diagnóstico de TEA, mas são reconhecidos como características associadas ao desenvolvimento sensório-motor de muitas pessoas no espectro.
Entre os sinais mais comuns estão:
- Atraso para andar ou correr;
- Caminhar na ponta dos pés;
- Dificuldade para coordenar movimentos dos braços e pernas;
- Movimentos repetitivos com o corpo ou as mãos (estereotipias);
- Evitar brincadeiras que envolvam coordenação.
Essas dificuldades muitas vezes coexistem com desafios sensoriais (hipersensibilidade ou hipossensibilidade), o que pode aumentar a resistência a certas atividades motoras.
Por isso, identificar os sinais precocemente e buscar intervenção profissional é fundamental para o progresso e o bem-estar da criança.

Quando Procurar Ajuda Profissional?
Nem todo atraso motor é sinal de um transtorno, mas ignorar sinais persistentes pode atrasar o desenvolvimento ainda mais. Veja abaixo quando é indicado buscar orientação profissional: Saiba mais
- Quando a criança apresenta atraso significativo em marcos motores, como sentar, engatinhar ou andar;
- Se houver queda frequente ou dificuldade visível para correr, pular ou equilibrar-se;
- Quando a criança evita atividades manuais simples, como desenhar, cortar ou brincar com blocos;
- Se houver irritação ou frustração frequente diante de tarefas motoras;
- Quando o desempenho da criança está muito abaixo do esperado para a faixa etária, mesmo com estímulos regulares.
Nesses casos, o ideal é procurar profissionais especializados, como:
- Terapeuta Ocupacional (TO) – trabalha com coordenação motora fina, habilidades funcionais e integração sensorial;
- Fisioterapeuta pediátrico – atua na coordenação motora grossa, equilíbrio e força muscular;
- Psicomotricista – utiliza atividades corporais e expressivas para desenvolver o movimento de forma integrada;
- Neuropediatra ou Pediatra do Desenvolvimento – para investigação de causas e diagnóstico diferencial.
Quanto Mais Cedo, Melhor
A intervenção precoce é uma das principais chaves para o sucesso no desenvolvimento motor. Quanto antes a criança for avaliada e começar a receber estímulos adequados, maiores são as chances de progresso e autonomia.
Não se trata de “apressar” o desenvolvimento, mas sim de remover barreiras, oferecer suporte e potencializar o que a criança já consegue fazer. Estimular com respeito, acolhimento e estratégias certas faz toda a diferença.
Como Ajudar no Dia a Dia
Enquanto aguarda avaliação profissional ou mesmo durante o acompanhamento, pais, cuidadores e professores podem estimular o desenvolvimento motor com atividades simples:
- Incentivar brincadeiras com blocos, massinhas, desenhos e recortes;
- Propor circuitos motores com obstáculos e desafios lúdicos;
- Estimular tarefas da vida diária (vestir-se, comer sozinho, guardar brinquedos);
- Celebrar cada conquista, por menor que pareça;
- Evitar comparações com outras crianças e respeitar o ritmo de desenvolvimento.
Lembre-se: cada avanço conta. A confiança da criança cresce quando ela se sente capaz e valorizada.
Conclusão
Estar atento aos sinais de atraso na coordenação motora é um ato de cuidado e prevenção. O desenvolvimento infantil não segue um padrão rígido, mas certos marcos devem ser observados com carinho e atenção. Quando há atrasos persistentes, buscar ajuda profissional pode mudar a trajetória da criança de forma positiva.
Com estímulo, apoio e orientação correta, é possível fortalecer a coordenação motora e oferecer à criança mais independência, autoestima e qualidade de vida.
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