Os 4 Novos Subtipos do Autismo: O Que Mudou no Diagnóstico e Tratamento?

Nos últimos anos, a ciência tem avançado de maneira significativa na compreensão do Transtorno do Espectro Autista (TEA). E uma das descobertas mais recentes e impactantes foi a identificação de quatro novos subtipos do autismo, revelando que há perfis mais específicos dentro do espectro do que se imaginava.

Esse avanço, fruto de um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Princeton e da Simons Foundation, promete transformar a forma como o TEA é diagnosticado, tratado e compreendido pela sociedade.

Neste artigo, você vai entender o que são esses subtipos, como eles foram identificados e de que forma podem melhorar as intervenções terapêuticas e o acolhimento às pessoas autistas. Acompanhe até o final e descubra como esse novo olhar pode mudar vidas.


O que motivou a divisão em subtipos?

O autismo sempre foi definido como um espectro, justamente porque as manifestações variam amplamente de pessoa para pessoa. No entanto, a definição ampla dificultava diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados.

Com base na análise genética, neurológica e comportamental de milhares de pessoas com TEA, os pesquisadores notaram padrões distintos, o que permitiu agrupar os indivíduos em quatro subtipos principais. Essa categorização não substitui o diagnóstico de autismo, mas refina a forma como ele é compreendido e tratado.


Quais são os 4 subtipos identificados?

1. Autismo com dificuldades motoras e atrasos precoces

Esse subtipo se manifesta por dificuldades motoras desde os primeiros anos, como atraso para sentar, engatinhar, andar ou correr. Crianças desse grupo tendem a apresentar atrasos no desenvolvimento motor global e podem necessitar de maior suporte nas atividades do dia a dia.

  • Sinais comuns: hipotonia (fraqueza muscular), dificuldades de coordenação, atraso para alcançar marcos motores.
  • Abordagens indicadas: fisioterapia precoce, terapia ocupacional com foco motor, estímulo ao movimento livre e funcional.

2. Autismo com dificuldades cognitivas e de linguagem

Neste grupo, o principal desafio está nas habilidades cognitivas e no desenvolvimento da linguagem. As crianças têm mais dificuldade para compreender regras, expressar-se verbalmente e manter atenção em tarefas por períodos prolongados.

  • Sinais comuns: pouca fala ou ausência de linguagem, dificuldade para seguir instruções, resistência ao aprendizado acadêmico.
  • Abordagens indicadas: fonoaudiologia intensiva, psicopedagogia, uso de comunicação alternativa (PECS, sinais, dispositivos digitais).

3. Autismo com sensibilidade sensorial intensa

Pessoas desse subtipo têm o sistema nervoso mais reativo a estímulos, apresentando respostas intensas a sons, luzes, cheiros, texturas e movimento. Essa sensibilidade pode causar comportamentos de fuga, crise ou autoestimulação como forma de autorregulação.

  • Sinais comuns: cobrir os ouvidos com frequência, recusar certos alimentos ou roupas, evitar locais barulhentos.
  • Abordagens indicadas: integração sensorial com terapeuta ocupacional, adaptações ambientais, estratégias calmantes.

4. Autismo com habilidades preservadas, mas dificuldades sociais profundas

Esse perfil engloba indivíduos com habilidades cognitivas e linguísticas preservadas ou avançadas, mas que apresentam grandes desafios na interação social, empatia e compreensão de regras sociais implícitas. É comum nesse grupo o diagnóstico tardio ou confusão com outros quadros, como fobia social.

  • Sinais comuns: fala fluente, interesses restritos, dificuldade para manter amizades, comportamento considerado “excêntrico”.
  • Abordagens indicadas: psicoterapia, grupos de habilidades sociais, mediação escolar e estratégias de inclusão.

O que essa descoberta muda na prática?

Essa classificação ajuda profissionais e famílias a entenderem que o autismo não é uma única forma de ser ou agir, mas sim um conjunto diverso de perfis com necessidades específicas.

Com os subtipos, é possível:

  • Personalizar os tratamentos, tornando-os mais eficazes;
  • Evitar diagnósticos genéricos e atrasos no apoio necessário;
  • Promover acompanhamentos interdisciplinares mais assertivos;
  • Adaptar melhor a comunicação e o ambiente para a criança ou adulto autista;
  • Planejar o futuro com mais segurança, considerando as potencialidades e os desafios de cada perfil.

Como os pais podem se beneficiar dessa informação?

Para pais e responsáveis, conhecer os subtipos significa conseguir enxergar com mais clareza o que está por trás dos comportamentos do filho e, assim, buscar intervenções mais direcionadas.

Além disso, essa visão mais detalhada pode reduzir a angústia de não entender por que determinadas terapias funcionam para algumas crianças e não para outras. Não é uma questão de certo ou errado, mas sim de ajuste entre as estratégias e o perfil da criança.


E o futuro do diagnóstico?

Com o avanço da genética e da neurociência, espera-se que nos próximos anos o diagnóstico de TEA inclua marcadores biológicos, análises personalizadas e rastreamentos mais precoces. Isso permitirá intervenções ainda mais eficazes, com foco em desenvolvimento, bem-estar e inclusão real.


Conclusão

A descoberta dos quatro novos subtipos do autismo representa uma virada na forma como enxergamos o espectro. Não se trata de criar rótulos, mas sim de valorizar a diversidade dentro do próprio TEA, permitindo que cada indivíduo receba o apoio que realmente faz sentido para sua jornada.

Quanto mais compreendemos essas nuances, mais próximos chegamos de um mundo onde as pessoas autistas sejam respeitadas em sua singularidade e tenham acesso a uma vida plena, com oportunidades reais.

sousavanusa27@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Voltar ao Topo