Você provavelmente já ouviu falar sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), não é? Segundo dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em 2020, 1 em cada 54 crianças nos Estados Unidos recebeu o diagnóstico de TEA (Baio et al., 2020). Esse número vem crescendo ao longo dos anos, e com ele, também cresce a importância de falarmos sobre inclusão, acolhimento e estratégias de desenvolvimento para crianças autistas. Saiba mais
Uma das características mais comuns entre essas crianças é a dificuldade em se comunicar e seguir instruções simples, o que pode impactar diretamente suas interações sociais e o desenvolvimento de outras habilidades importantes para o dia a dia. Mas afinal, como podemos ensinar e apoiar essas crianças de forma prática e sensível?

🤝 Por que estimular a interação social no autismo é tão importante?
Desde os primeiros anos de vida, a convivência com outras pessoas é o que ajuda a desenvolver habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais. Para crianças com autismo, essa interação não é algo que acontece de forma natural — ela precisa ser estimulada e mediada com intenção e carinho.
No espectro autista, a interação social costuma ser desafiadora por várias razões:
- Alterações sensoriais (barulhos, cheiros, luzes podem causar desconforto);
- Atrasos na fala ou dificuldades para se comunicar verbalmente;
- Dificuldade para interpretar expressões faciais, gestos ou sentimentos;
- Dificuldade de entender regras sociais ou normas de convivência.
Por isso, o ideal é que o estímulo à socialização comece o quanto antes, preferencialmente antes dos 3 anos, com intervenções específicas que respeitem o ritmo de cada criança.
🧠 Estratégias para estimular crianças com TEA a se socializarem melhor
1. Aposte na rotina e no ambiente escolar
Ambientes como creches e escolas são muito ricos em oportunidades de interação: brincadeiras em grupo, hora do lanche, rodas de conversa, recreação. Tudo isso ajuda a criança autista a entrar em contato com regras, rotinas e diferentes formas de comunicação.
A escolarização pode, sim, ser um grande aliado — desde que a escola esteja preparada para oferecer acolhimento e adaptação. Professores sensíveis, que saibam como lidar com situações de sobrecarga sensorial ou crises, fazem toda a diferença.
2. Crie momentos sociais fora de casa
Além da escola, é importante que a criança também conviva com outras crianças em momentos fora da rotina escolar: visitas ao parquinho, aniversários, encontros com primos, passeios em família.
Mesmo que ela prefira brincar sozinha no início, o simples fato de estar em um ambiente com outras crianças já é uma porta aberta para a socialização acontecer aos poucos.
3. Terapias e acompanhamento profissional
Terapias comportamentais, como o ABA (Análise do Comportamento Aplicada), são muito utilizadas para ajudar crianças autistas a desenvolverem habilidades sociais de forma gradual.
Além disso, o acompanhamento com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e, em alguns casos, médicos para regulação de sono, ansiedade e hiperatividade, pode ajudar a criança a lidar melhor com os estímulos e situações do cotidiano.
4. Envolvimento e apoio da família
Os pais e cuidadores têm um papel essencial nesse processo. São eles que melhor conhecem a criança e podem ajudá-la a desenvolver comportamentos mais adaptativos no dia a dia.
Buscar apoio psicológico para a família também é fundamental — não só para aprender como estimular a criança, mas para lidar com os desafios emocionais que surgem ao longo da jornada.
5. A escola precisa estar preparada
Nem sempre a criança se adapta logo de cara ao ambiente escolar. Salas barulhentas, regras rígidas, colegas agitados — tudo isso pode causar angústia. Por isso, é essencial que a escola saiba flexibilizar e adaptar as rotinas, oferecer espaços mais tranquilos quando necessário e propor atividades que despertem o interesse da criança.
Também é fundamental trabalhar com os colegas da turma o conceito de respeito às diferenças, evitando situações de exclusão ou bullying.
💡 Dicas extras para fortalecer a interação social:
- Utilize os interesses da criança como ponto de partida (brinquedos, temas favoritos, personagens);
- Estimule o uso de imagens, gestos ou recursos visuais se a fala ainda for limitada;
- Reforce positivamente cada tentativa de interação (mesmo que seja um simples olhar);
- Ensine às outras crianças como se comunicar com respeito e paciência;
- Dê tempo: o progresso pode ser lento, mas cada avanço merece ser celebrado!
🌈 Inclusão é um processo coletivo
A inclusão de crianças com autismo não depende apenas da criança. Ela envolve família, escola, profissionais da saúde e a sociedade como um todo. É preciso empatia, informação e abertura para compreender que cada criança tem seu tempo, seu modo de se expressar e sua forma de se conectar com o mundo.
Com as estratégias certas, paciência e muito carinho, é possível ajudar a criança com TEA a descobrir sua própria maneira de se relacionar e viver experiências significativas com outras pessoas.